Vermelho como o Céu (2006)
A trama se passa no verão de 1970, na bela Toscana, quando Mirco (Luca 
Cipriotti), um garoto apaixonado por cinema, sofre um acidente sério e 
perde a visão. Rejeitado pela escola pública, por agora ter se tornado 
uma pessoa diferente, é enviado à Gênova a fim de terminar seus estudos 
em uma escola especializada para deficientes visuais.
A escola só aceita meninos e apresenta um ambiente rígido e conservador,
 sendo dirigida por um senhor de meia idade e também cego, que preza 
pela disciplina acima de tudo, já que supõe ser esta uma determinante na
 vida de garotos que nunca poderão escolher o que fazer de seu futuro e 
sim acatarem o que for conveniente, por conta de sua deficiência.
Dentro deste ambiente opressor, Mirco tem de se adaptar juntamente com a
 dificuldade de ter perdido um dos sentidos, tem que reaprender a 
encarar a vida e a se locomover dentro dela, alegrar-se com os quatro 
sentidos que lhe restaram. E assim como os músicos fecham os olhos 
quando tocam, para poder sentir a música, quase como se ela fosse uma 
sensação física, Mirco abre seus ouvidos para os sons que o rodeiam.
Com a ajuda de um professor dedicado, de amigos carinhosos e o 
nascimento de um amor, vamos aprendendo, junto ao jovem Mirco, a 
perceber e ouvir o mundo. Aprendemos que o azul é como quando andamos de
 bicicleta e o vento nos bate no rosto; o marrom é áspero como a casca 
da árvore e o vermelho é como o fogo, como o céu entre os montes.
De grande profundidade, esta produção italiana segue o caminho de suas 
irmãs tão bem sucedidas e aclamadas pelos cinéfilos, fazendo-nos 
refletir. Merece ser assistida por todos que se importam com educação, 
inclusão e amor.
“Em 1975, após numerosas pressões, o estado italiano aprovou a lei que 
abolia os colégios especiais e permitia aos cegos estudar em escolas 
públicas. Mirco saiu do colégio aos 16 anos. Apesar de não ter 
recuperado a visão, hoje é um dos mais reconhecidos montadores de som do
 cinema italiano.”